11.7.11

Eu me rendo

Meu canto que antes alto e meso-agudo entalou na garganta. Era da dor, da fala e da calma, um antes progredido de chances, sempre tão inocentes – não que não sejam mais – não transbordam, afetam e colorem.

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Porque às vezes é da necessidade de ir no fundo, respirar o sufoco e voltar à superfície, procurando sentido, tom e cor – as vezes da certo, as vezes o fôlego não volta.

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Saudade e nostalgia se transformam em ligações ímpares de solitude e vontade, do sagrado e do secreto, do que é, do que já não é mais. Coisas que ficarão só na fotografia, coisas que não cabem na fotografia. É real e forte, colorem manhãs em fins de tarde, vontades em sentidos abstratos. Consumo fogo e desperdício. Desperdiço vontade e coragem. Covardia patética.

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Se hoje, me enterro de vontades, ontem pré-ocupações de só sentimentos, que se chocam e costuram na carne, na alma e no som.

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Eu gosto do gosto amargo. Eu gosto do imprevisível que me aborda, eu sinto muita falta do confortável. Imito, reflito e me engano. Transporto de tete à tete, como se fosse possível viver só, em paz e com limites: de sentimento, envolvimento e solidão.

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Eu gosto do gosto forte. Eu gosto do previsível que só eu abordo, e então sinto falta do desconforto. Repito e me frustro. Transporto à distância, como se fosse impossível viver junto, no caos e sem limites: quero é envolvimento, sentimento, e nada de solidão.

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Então, eu me rendo – eu sou uma fraude – ...

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Claudilene Neves

Um comentário:

  1. Minha amiga!! Que coisa mais linda!! Não sei se um desbafo ou uma confissão ou, uma fraude... só sei que vivi cada linha tua.. e me encantei com teu dom de soltar o verbo... largar o passo... e acabar em arte!

    Débora Andrade

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