17.11.10

E essa ordem preguiçosa e natural das coisas

Hoje eu não sei o que quero. Se vou para um lado, para outro, se paro intacta, sem piscar, sem respirar, sem sentir. Se apago, registro. Eu acordo e ligo. Hoje, eu vou ficar por aqui, me entorpecer dessa solidão descabida, mal resolvida, dessa mágoa fadada a tanta nostalgia. Vou ao fundo, chegarei lá e respirarei merda. Isso! Merda! Que merda! Vou, e vou voltar. Estou ácida, muita ácida. Hoje eu não sei o que leio. Teus despejos ou meus enganos. Quero ler na entrelinhas de frases sem espaços entre as palavras. Chega de espaço, chega de intervalos. Chega dessa mansidão da ordem natural que vem das coisas. Eu apresso essa natureza preguiçosa, que insiste em ficar pra próxima. Diz logo, põe um ponto final e tome num gole só, essas tuas reticências, que prometo, que juro, que mato minha exclamação. Desisto. Lhe apresento meu maior ato de coragem - virar a rua, ir pra casa e seguir a viagem.

Claudilene Neves

2 comentários:

  1. Sou covarde todos os dias... como precisava ir pra casa!

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  2. É tão bonito seu blog...e suas palavras combinam com sentimentos de "toca", não é a toa que aqui é a toca do coelho...rs.
    Gosto daqui e de vc tbm.
    Um abraço saudoso querida.

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