16.11.10

se, me, não

Nem conselhos, nem ideais. Chega desse lixo externo. Chega desses entulhos. Desses teus, desses meus. Chega de tudo. De tudo que foi e não tem força pra continuar sendo. De tudo que foi e agoniza terminando no que é. As flores sem perfumes, sangue sem visco. Vontade, idade, tempo passando, chuva caindo, tudo tão branco. Me canso, me canso tanto!! E aquele tempo, tudo tinha sua graça, seus rumores e sentidos que ficavam presos nos perfumes. As coisas por aqui, mudaram, claro que mudaram. Meus textos perderam os finais, e no final das contas acabaram perdendo o começo, o meio o fim. Talvez tenham sido as fantasias que tenham tomado conta das roupas jogadas pela casa, talvez tenha sido a música que parou de tocar, ou dos fragmentos desacordados, dos meus desejos embrulhados. Se te analiso com os olhos, não te enxergo. Se te enxergo, eu evito. Porque não entrar por um caminho sem voltas? Porque não encontrar saídas rápidas. Enchi das saídas à francesa. Enchi, desse delírio. Me reformo, de corpo, alma e vísceras. Ou pega fogo, ou pega bem, ou não pega. Ou toca, ou não toca. Não me toca. Me queime. Não me olhe. Não me entenda. Me surpreenda. Me telefone. Deixa, que o número eu apago depois.


Claudilene Neves

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