29.6.10

e)xtremo(s

Eu disse logo no início: escrevo nos extremos, pego as pontas, colo uma na outra e faço um ponto. É verdade, e hoje confesso, não sei viver de equilíbrios e nem de instantes. Não gosto de água morna, tempo ameno, café na metade da xícara, risadas contidas, sentimentos pela metade. Tudo é assim, intenso, profundo, é, ... intenso. Gosto do toque na pele, do olhar direto, de dores fortes, de silêncio profundo, do teu texto exagerado, gosto do teu sorriso, e do teu afeto que me afeta tanto. É verdade, que já não sei viver só de extremos, que prefiro agora tempos amenos, café na metade da xícara, que não tolero dores tão fortes, mas não suporto sentimentos pela metade. Meta de alguma coisa parada, olhar figurado, vontade demasiada, encontros as 21h, com regresso depois que a prosa acaba. Pra mim a prosa, nunca acaba. Gosto do jeito exagerado de ser humano, e essa paixão pelas coisas do inferno, e do céu, odeio o meio dia, ou se é dia ou noite, eu sinto dia e noite, extremos, só se estiverem em extremos.
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Claudilene Neves

3 comentários:

  1. "Pra mim a prosa, nunca acaba".

    Ah quem diga que nunca que conversou na vida, realmente não posso dizer o mesmo.
    A brosa existe antes mesmo de as duas pessoas sequer se falarem. (:

    adorei! (como sempre)

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  2. Gosto do que é intenso. E não poderia ser diferente. Porque ficar pelo meio do caminho se há tanto que caminhar.
    E não dá pra ser meio sorriso, ou meio olhar.
    É preciso enveredar por tudo que mostre inteireza,porque não há meio amor e nem meia verdade pra sentir.
    Por isso provoco em mim a catarse de ser inteira nessa metade que se insua.

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  3. rs. MUITO BOM!! Vou responder este texto com um poema.

    Meias Palavras
    Me declaro.
    As palavras que saem de mim são sempre verdades.
    Embora eu saiba dizer meias palavras.
    Nestas metades, guardo a intensidade que você ainda não soube merecer.

    Desvio os olhares sempre confessos.
    É bom que eu te olhe pouco para que não saibas o quanto de ti há em mim.
    É bom que não tenhamos tanto de nós um na mão do outro.

    Minhas meias palavras...
    E me calo...
    Porque também sei ser silêncio.

    Meu barulho faço para disfarçar minhas margens que transbordam de gestos teus.
    Gravei teus movimentos...
    Te sinto na sombra dos meus versos...

    Do meu corpo soam tics e tacs que insistem em contar meu tempo.
    Cedo ou tarde...
    Nossas esquinas se cruzam no futuro de hoje.

    E não há sobras de caminhos não traçados.
    Somos inexatos...
    Suspeitos por transformar a vida em doce.
    Condenados a manter laços.
    Mesmo que musicais...
    Débora Andrade

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