8.12.08

monólogo, sozinha dessa vez.
.
E lá vamos nós, atrás do reino perdido, das fábulas à gramática. Os olhares. Uns com brilho, outros nem se sabe ao certo o que foram um dia. Que de fato sim, valeu a pena, não tivemos tantas histórias presas na madrugada, não tivemos tanto vento nos cabelos, não tivemos tantos sorrisos, não tivemos tantas conversas, não tivemos tanto de nós todos. Nós tivemos muito de nós mesmos, tivemos um suspiro preso no soluço, tivemos conversas com as paredes brancas, tivemos muito de um “não mesmo”, tivemos um não a nossa presença unida e não confirmada. Os personagens saíram de cena. Estou num palco vazio. Monólogo. E no momento em que olhos puderam ver as faces sem máscaras, no momento em que pudemos ver o que estava ali, só esperando por nosso olhar válido. As coisas sempre estiveram ali, prontas, paradas, sedentas, curiosas para serem reveladas, o que valia então? Saber como usar os olhos.
........................................................................................................................................
Tenho medo do amor que não amo,
Do sentimento que não me emociona,
Das fantasias que já não me atraem, e que me
façam mais do que consigo:
Cética, seca, fria, inatingível
Tenho receio dos amores que não amei
Dos sentimentos que não aprofundei
Das fantasias que desmascarei
E que me façam menos do que consigo:
Crente, quente, atingível.
Contanto que eu possa,
Contando com a pressa
Estou em um entre-espaço -
do roteiro incerto ao monólogo no palco.
.
.
Claudilene Neves

2 comentários: