20.1.08

concretos abstratos

Eu poderia começar falando frases filosóficas, mas não vou. Filosofia demais atrapalha e é isso que atrapalhou demais. O fato de um dia você ouvir coisas bruscas e pesadas de qualquer certo alguém que antes era espelho, e hoje quebrou seu espelho é algo tão abstrato tanto quanto inconveniente. O fato é: até que ponto as coisas realmente fazem sentido, e até que ponto há sentido nas coisas. Sempre odiei me fazer de vítima, odeio quando alguém percebe que estou triste e fico mais puta ainda quando alguém pede pra eu que eu tenha calma, que as coisas não são bem assim e os blábláblás adicionais. Chega. Chega de ouvir o que tenho que fazer. Chega de ouvir o que tenho que mudar. Chega de mais do mesmo. Chega de prever todo ontem, todo hoje, todo o amanhã. O fato é que quando você menos espera, fico presa num grito de choro no meio do meu peito, e você descobre que por mais que você queira e precise, não existe mais aquela mãozinha pra apertar a sua, e nem dizer vai ficar tudo bem. Parabéns, se chegou nessa fase é porque você está precisando virar a porra “de gente grande.” Em meio a teorias, filosofias loucas, semióticas desconhecidas, você pára diante do mundo que você sempre viveu, acreditando que era um extra terrestre nele, e vê que na realidade, você se comporta como mais um nesse mundo. Eis a pior dor que existe, isso eu posso comprovar.
Eu gostaria de saber o que se passa na minha cabeça, e não ter teorias e filosofias tão ridículas e passivas. Passividade. Pra que serve isso mesmo? Para perder um próprio prestígio, pra perder prestígios dos outros, pra ganhar sorriso amarelo quando você sente que teu coração bate mais fraco, e que existe algo te provocando, e quer o pior? Teu sofrimento sempre foi banal não só pro fulano, mas acredite o ciclano muitas vezes achou isso de você também.
Poder chorar, gritar, espernear, faça o que quiser, corte o cabelo, corte o pulso, corte tua alma, mas senão cortar essa tua cara amarela de “tanto faz”, você é cortada ali, metade pra fora e a outra também. A realidade existe? Sei lá, ultimamente eu juro, é a última coisa que tenho pensado, mas se ela existe, nela está inserido que as pessoas realmente vivem sós e juntas. Uma alteridade que talvez não aconteça mais, ou não aconteça em mim.
O pior de tudo é ter que esperar uma decisão, minha? Não de forma alguma, é de alguém que no caso eu preciso de fazer com que pense diferente ao meu respeito! Sabe a conclusão que cheguei? Que se foda os que as pessoas pensam, que se foda o que passa na cabeça delas, eu vou mudar sim, porque a minha escolha foi exatamente essa, analisar o bastante pra ver que tem muito lixo aqui dentro que eu tenho que por pra fora, e quer saber? Já ta apodrecendo, que hilário não? Eu que sempre acho todo o absurdo no mundo, encontrar o absurdo exatamente no que eu acho do mundo. Eu tinha algumas escolhas, mas depois decidi que era uma só: a que eu escolhi, analisar as coisas e deixar de ser a menininha diferente do colégio, que um dia achava que era um E.T. e que depois disso, acreditou ainda que alguém voltaria para busca-la, mal sabia que isso poder ser o ápice da mediocridade. Já senti dor em coisa menor, em coisa maior, mas igual essa [...]. O fato é que fui jogada pro lado de lá, bem distante do que poderia pensar que aconteceria qualquer dia da minha vida. Os argumentos são bons? Talvez fossem, se eu abrisse mais minha boca e botasse meu cérebro pra funcionar diferente, mas não, funcionar diferente anda tão complicado, que optei pelo mais fácil mesmo. “Ooo Seu João, tem empada de tomate seco aí? – Não, não tem, mas tem pipoca doce. Ah! Tudo bem, pode ser.” Eu tenho comido só o que eu não quero, engolido só o que eu não topo, e digerido só merda, e depois ainda acho que tenho direito de reclamar da dor de estômago. Ah! Meu amigo, o amor próprio é importante, mas estupidez de achar que sempre fui a mais perfeita quase me derrubou. O fato é que agora tenho que me preparar pra falar das coisas boas que aprendi nos últimos 2 meses, engolir a seco, acreditar e atrair o positivo pra que tudo dê certo. (Dê certo?) Sei lá, de fato por favor não preste tanta atenção assim nas muitas coisas que digo, talvez eu mude opinião daqui alguns segundos, e nós dois vamos nos ferrar. Ou não, afinal de contas existe um certo, existe um errado? No momento só quero saber das minhas escolhas, e minha escolha é essa: estar aqui pondo o lixo pra fora, porque por mais que eu não acredite em nada além daquilo que duvido, eu ando meio disposta a analisar mais, a julgar menos, a virar a porra de “gente grande”, e largar de ser uma manezinha, que vive querendo que a mamãe me engula só pra não ter que encarar o que a real realidade vem me dizer. Tem hora que eu deveria me mandar ir tomar no cu.
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escrito por mim,
em algum dia
estressante do passado...
foi difícil assumir isso!
Claudilene Neves
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3 comentários:

  1. Boa Noite!!
    Ahh... pra quem não queria Filosofar... esse texto está é mto filosofico! hehehehe
    Textos de desabafos são interessantes, é bom colocar pra fora certas coisas, faz bem

    bjoss

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  2. Belo texto, assim como tantos outros vistos por aqui. Belíssimas palavars bem embasadas.

    'these are hard times for dreamers'

    *:

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  3. Gosto mais do seus textos atuais...
    Acho q eh pq eu tbm jah me transformei na "porra que eh ser gente gde"...e a criança q ainda há em mim é a q brinca e não a q questiona...
    Mas... mto legal vc ter assumido "isso"...
    Mostra q vc eh uma pessoa cada dia "maior"!
    rsrsrs
    Bjoss

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