25.5.10

partiu, partida.

Com uma mão sobre a outra, suspirou levemente e lembrou, do recado, resistindo não encontrar o retrato guardado dentro do bolso, amassado, rasgado do tempo que foi investido por olhos, anseios pesados e os dedos sobre ele.
Ergueu a cabeça, olhou pra trás, olhou porque gostaria de ter certeza, que sim, teria que partir, mas antes pra ter certeza que ninguém a impediria dessa atitude vil. Desnuda de sentimentos e profecias, tratou do fato com pudor, como ele mesmo trataria. Desgostou, suspirou profundamente, enchendo mais uma vez os pulmões de sufoco, e os olhos de coragem.
Abriu as portas, deu um passo à direita, desceu da calçada, e foi pra casa arrumar as malas e mudar de vida - pra sempre, ou só por um dia, neste momento, já era o bastante.
Claudilene Neves

Um comentário:

  1. E quantas vezes este parto não se faz, não? Realmente... maturidade... e parece tomada como minhas doses de cafeína... este tempo na ampulheta!

    Débora

    ResponderExcluir