3.7.08

eu, pelas avessas

Uns dizem: interessante, mas lamento – sou pelo avesso.

Não gosto de saber de cor e me surpreendo com minha capacidade mutável. Analiso a mim e aos outros e a dor é de amputar-me a cabeça. Uns dias depois reato a mim mesma, quanto aos outros, ... eles continuam tocando em outro tom!

Às vezes é fácil escrever, em outras horas, gostaria de não saber digitar. Eu também lamento, sofro e choro - algumas vezes por semana, choro sozinha: não sou adepta à propaganda de sofrimento. Minha tempestade é silenciosa, me molho, me enxugo, me assusto fácil. Já me surpreendi mais com a vida, já lamentei mais da vida. Sou abastadamente cética, tenho suplicado pelo retorno da minha espiritualidade e muitas vezes minha mente me mente, e eu fico puta!

Ah, como a trilha é linda, e como eu ainda tenho tão pouco, continuo caminhando. Tenho medo das pessoas e converso com espíritos, eles já me contaram coisas que mudaram tudo! A maioria não acredita nisso, e eu nunca me importei com o que as pessoas acreditam. Minha casa chama infinito e minha caída é intensa, a retomada é lenta e forte, é muito difícil não me ver de pé.

Embora algumas coisas permaneçam intactas, nos últimos anos eu mudei os móveis de lugar. Sinto saudades, principalmente do caos.

Ai! Como eu agradeço aquelas crises, aos livros de psicanálise e aos desenhos animados à noite pra espantar o medo da vida.

Já brinquei de rir. Já quis morrer. Tenho muito medo da morte. Já salvei uma planta, e acredito que algumas vidas, já chorei em final de novela, já dei gargalhada em situações difíceis, disse adeus, com um engasgo na garganta querendo dizer eu te amo, já sonhei tanto, e tantas vezes, já acusei e fui acusada.

Tive que levantar, com medo de nunca mais abrir os olhos, já pensei que fosse morrer de amor, eu não sei mais amar, estou disposta a re-analisar isso.
Nunca foi fácil ser eu, e me orgulho disso. Eu escrevo para quem? Eu canto para quem?

Apresento-me os meus erros, analiso meus passos, concerto meus desconcertos, e faço muito mais do que posso. E a vida segue assim, em curvas perigosas, e eu pelas avessas, talvez seja porque há mais madrugadas na boca do que fins de noite no peito.
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Claudilene Neves
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4 comentários:

  1. É incrível, como sinto que seus textos falam o que eu sinto. É um quebra-cabeça que monta meu retrato. Mas acho que monta na verdade um espelho. Cada um que lê, se vê em suas palavras.

    Para quem você escreve? Pra mim, oras!
    Nem precisa perguntar!
    auhuaheuase!

    Bjaum Dilene!
    Fique com Deus!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Escreve pra miim :)
    cara cada vez que eu venho aqui saio com mais um pedaço meu nas tuas palavras.

    Me identifico e me revejo novamente

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