Mut(ação).

Tá diferente, não sei muito bem como, mas me faltam as palavras. É meio seco, é meio interrupto. Parada, pensando, olhando, longe daqui, longe de qualquer lugar, pisando e pensando em alguma outra alternativa, que não me deixe arriscar tanto. As coisas não estão em panos brancos, e nem quentes, mas ao mesmo tempo, não me restam tantas alternativas como poderia restar. Tenho me perdido. Me bagunçado. Não há intervenção mais. Sem questões, propriamente ditas que me deixem exaltada. O que vejo é como a parte inicial de um filme, que nada se sabe, ele está em perfeito equilíbrio (falso). Falo rispidamente, porque é verdade, ou porque a sinto como tal verdade. Preciso de um tempo, uma falha que seja, um bom ou mau pressentimento. É que desde que me olhei no espelho da última vez, eu só vi o que queria, e o que eu queria era não ver muito mais disso em mim. Seja obsceno talvez, mas na realidade uma coisa, tenho que guardar – se não posso modificar os fatos, que estes fatos me modifiquem –.

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Claudilene Neves

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