30.1.08

Abóbora

Um dia me disseram que pra viver nem tudo precisava fazer sentido, e desolada, eu acreditei. Lembro das tardes cor de “abóbora” que já passei, lembro dos lugares por onde passeei, e namorei certas imagens que pra mim eram muito mais do que simples miragens. Decorei algumas delas, assim como alguns versos que sempre gostei de decorar.
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Assim como alguns discos de vinil, todos tão viris como as tardes, as miragens, os sons e os versos, me dando “nós cegos”, fingindo-me ver tudo que passava por meus olhos.
Ainda lembro do cheiro de café quente aos 11 anos, do cheiro de café quente aos 15 anos, aos 18 anos, assim como esse cheiro de café que hoje é simplesmente um cheiro de café.
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Que saudade de sentir as coisas não fazendo sentido e mesmo assim me sentido completamente repleta, intrínseca, correta, toda, inocente. Inocente pelos meus atos mais sutis.
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Hoje os meus maiores motivos de tortura são as fotografias, as cartas, os textos, a miragens, os versos, e o cheiro de café. Gostaria que esse desencaixe dessa vez abrisse uma exceção, e fizesse encaixe, uma única vez na vida. Uma única vez eu gostaria de saber o que vai acontecer amanhã, e depois, e depois de amanhã.
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Nostalgia. A sensação é que o sol se escondeu debaixo da minha cama. E quando as coisas ficam assim em p & b, não é tão divertido como quando as coisas estão no tom de “abóbora”. Hoje eu gosto dos tons quentes, e duvido até as pontas dos meus dedos que me adaptarei com as cores frias novamente. É que desde a última vez eu me reinventei, não foi fácil, não vou jogar as coisas pros lados.
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Vou arrumar as malas, e mudar de vida.
(lamentando, mas vou).
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Claudilene Neves
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Um comentário:

  1. Show!

    "...Que saudade de sentir as coisas não fazendo sentido e mesmo assim me sentido completamente repleta, intrínseca, correta, toda, inocente. Inocente pelos meus atos mais sutis..."

    Muitas saudades...

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